um blog de rrose e luís

8.7.08

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Ele dizia assim: «estás a ficar um bocado para o pesadota, mor, custa-me segurar-te assim no ar enquanto fodemos». Ela dizia «isso é porque não tens feito exercício, não estou assim tão gorda, foram só dois quilinhos, mor». Ele dizia «eu bem estou farto de te dizer para não fazeres tantas vezes massa, que as natas só servem para engordar, mor». Ela dizia «as natas são boas, e necessitamos de comer hidratos de carbono para o dia-a-dia, ai, mor, estás a magoar-me ao empurrar-me contra a parede dessa forma. Afasta-te lá da parede, vá». Ele dizia «mor, se eu me afastar da parede não sei se vou conseguir continuar a segurar-te». Ela dizia «ai mor, que chato, estás a magoar-me, ai ai ai». Ele dizia «já te estás a vir, mor?». Ela dizia «não, parvo, são gritos de dor. Afasta-me lá da parede porque está a magoar-me e ainda por cima vou ficar com as costas vermelhas e amanhã vamos à praia». Ele dizia «amanhã vamos à praia, mor? Desde quando? Disseste que eu podia ir andar de bicicleta com o Jacinto e o Nuno». Ela dizia «então vou eu à praia, pronto, mor». Ele dizia «vais à praia sozinha, mor?». Ela dizia «opá, estás a magoar-me. Põe-me no chão, pronto». Ele dizia «ai, não posso mor, está a ser tão bom». Ela dizia «está a ser bom porque não tens as costas a arranhar na parede». Ele dizia «oh, sim, oh, sim». Ela dizia «olha para o que estás a fazer, estás a espalmar-me as mamas e a magoar-me. Pára lá com isto, estou farta, mete-me no chão». Ele dizia «agora não posso, mor, está a saber-me bem». Ela dizia «Mas estás parvo? Mete-me no chão, já». Ele dizia «oh, sim, oh, sim». Ela ficava aborrecida e indignada com o tratamento que vinha recebendo e começou a bater nele. Ele adorou as palmadas na cara, no peito, o arrancar dos cabelos, dizia «oh, sim, oh, sim». Ela gritava «pára com isto, caralho». Ele fodia-a com velocidade maior. Ela achava que ele estava armado em filho da puta. Ele não achava nada porque sentia o orgasmo cada vez mais próximo. Ela chorava por não poder ir no dia seguinte para a praia por estar com as costas vermelhas e feridas. Ele sentia o orgasmo cada vez mais próximo. Ela sentia a respiração dele no nariz, enojava-a - virava-lhe a cara para o lado. Ele sentia o orgasmo cada vez mais próximo. Ela sentia-se mal tratada. Ele sentia o orgasmo cada vez mais próximo. Ela pensava em como odiava sexo. Ele sentia o orgasmo cada vez mais próximo. Ela pensava em como odiava o marido. Ele sentia o orgasmo cada vez mais próximo. Ela sentiu um orgasmo percorrer-lhe o corpo. Ele ainda sentia o orgasmo cada vez mais próximo. Ela deu-lhe um murro na cara. Ele caiu para trás. Ela disse «filho da puta, eu mato-te». Ele não disse nada, permaneceu agarrado à cara e com dores. Ela pegou no candeeiro de sala mais próximo e atirou-o à cabeça dele. O candeeiro partiu-se na cabeça dele. Ele não se estava a sentir muito bem. Ela chegou perto dele e pisou-lhe várias vezes o corpo com o salto alto e fino do sapato que ele gostava de a ver usar enquanto fodiam. Ele sentia a perda dos sentidos cada vez mais próxima. Ela gritava «filho da puta, cabrão do caralho». Ele sentia a perda dos sentidos cada vez mais próxima. Ela ajoelhava-se e cravava-lhe murros na cara e no estômago, alternadamente. Ele sentia a perda dos sentidos cada vez mais próxima. Ela sentia um orgasmo percorrer-lhe o corpo. Ele sentia a perda dos sentidos cada vez mais próxima. Ela sentia um orgasmo percorrer-lhe o corpo. Ele sentia a perda dos sentidos cada vez mais próxima. Ela sentia um orgasmo percorrer-lhe o corpo. Ele perdia os sentidos. Ela sentia, sentia, sentia, muitas vezes e muito intensamente. Ele tinha perdido os sentidos. Ela pensava em como os homens são sempre mais fracos, mesmo quando em situação de domínio. Ele tinha perdido os sentidos. Ela levantava-se e ia ao espelho da casa de banho ver o estado das costas. Ele tinha perdido os sentidos. Ela gritava, horrorizada, na casa de banho. Ele jazia sem sentidos na sala. Ela voltou para a sala pensando qual seria a próxima coisa a fazer. Ele não pensava. Ele nunca tinha pensado. Ele tinha esgotado todas as oportunidades de vir um dia a pensar porque nunca mais acordaria.

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